“O Grande Reset” da Nova Ordem Mundial

A Grande reinicialização foi apresentada em maio de 2020 pelo Príncipe Charles do Reino Unido junto com seu fundador e diretor – desde sempre – do Fórum Econômico Mundial, Klaus Martin Schwab.

Por Gilberto Lima Jr

Sob o Domínio da Tecnocracia Digital

Em 2021, iniciaremos oficialmente uma nova década que será marcada como o ano da “Grande Reinicialização” (do idioma inglês, Great Reset). Recentemente o fundador do Fórum Econômico Mundial (FEM), Klaus Schwab, reuniu algumas lideranças e através de um vídeo, tornou oficial o que podemos definir como a agenda da “Nova Ordem Mundial” à ser aprofundada na próxima edição prevista para o segundo semestre de 2021 em Davos, Suíça. São previstas as presenças das maiores autoridades políticas e empresariais do mundo, especialistas nos temas ambientais, sociais, epidêmicos, além das grandes corporações tecnológicas e das Redes Sociais.

Afirmações de Klaus Schwab, fundador e executivo do FEM:

“Todos os países, dos Estados Unidos à China, devem participar, e todos os setores, bem como a tecnologia de petróleo e gás, devem ser transformados”. “Em suma, precisamos fazer ‘O Grande Reinício’ do capitalismo.” “A pandemia representa uma rara janela de oportunidade para refletir, reimaginar e resetar o mundo.”

O que esperar deste próximo encontro da Elite Global? Que consequências seus anúncios trarão para a sociedade humana? Este Blog atento a sua missão de analisar o impacto das mudanças exponenciais na Vida de todos nós, antecipa aqui algumas decisões que vem por aí e como nos preparamos para lidar com elas.

Motivação!

Recentemente o Fundo Monetário Internacional avalizou que o mundo vive um risco de depressão econômica global, comparável a década de 30, por consequência do “Crash” da Bolsa de Valores de 1929. É preciso trazer luz a realidade de que tal expectativa decorre da crise mal resolvida de 2008, cujas autoridades políticas e líderes do mercado financeiro, jogaram a sujeira para baixo do tapete.

O mundo sofreu naquela altura uma crise ética que quebrou a economia global por conta de uma ambiciosa especulação financeira e imobiliária. Nos dias atuais, as consequências econômicas ocasionadas pela pandemia do Covid19 soma-se a este histórico e não pode ser visto de forma isolada, ignorando este legado maligno dos atores que hoje utilizam o argumento da Pandemia para justificar uma proposta do FEM, chamada: “A Grande Reinicialização Mundial”.

Para melhor entendimento é preciso recorrer a história recente quando em 1944, com a segunda guerra ainda em curso, 44 países aderiram ao Acordo de Breton Woods que estabeleceu uma Nova Ordem Monetária, coordenada por organismos internacionais criados para definir “Políticas Públicas e Regulamentações Globais” como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, por exemplo.

O que Prometem os “Reinicializadores Atuais?”

Desta vez, pretendem reinaugurar o Capitalismo com aparente sensibilidade social. Vamos lá: Pretendem estabelecer a sonhada “renda mínima universal”, dar “garantia de assistência médica global para todos”, assegurar um futuro resiliente, igualitário e sustentável e evocam para tanto, “um novo contrato social” com respeito racial, preservação ambiental e contenção das mudanças climáticas (descarbonização da economia). Ainda no campo econômico, pregam um certo nivelamento econômico e social entre as Nações. Consideram o pagamento de uma renda mínima para erradicação da pobreza extrema.

O Preço a Pagar:

Controle máximo sobre os indivíduos: Obrigatoriedade de Vacinações para esta e futuras pandemias; Exigência de Passaporte Genético; Implantação de Controle de comportamento em massa, via Score Social, Capitalismo de Vigilância; Engenharia Social baseada em regulamentações, etc.

A característica da “Grande Reinicialização”

Ao invés de se impor explicitamente, condicionará benefícios sociais e oportunidades, a submissão da Sociedade ao controle do Estado pela via das regras por ele estabelecidas e entendidas como “melhor para todos”. O controle comportamental se dará refletindo as preocupações da Elite Global com a crescente Desigualdade Social:

Concentração de Renda

Recentemente o Instituto Britânico, Oxfam dedicado a medir as desigualdades sociais em âmbito global, em seu mais recente Relatório, intitulado: “Tempo de Cuidar”, apresentou aos bilionários de Davos, dados que deveriam minimamente gerar algum desconforto: 2.153 privilegiados pelo atual modelo de concentração de renda, têm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas.

A Diretora Executiva da Oxfam, Katia Maria, afirmou: “Se a população 1% mais rica do mundo pagasse uma taxa extra de 0,5% sobre a riqueza nos próximos 10 anos, seria possível criar 117 milhões de empregos em educação, saúde e de cuidado para idosos”. Essa afirmativa mostra que ao invés de sinalizarem com “pacotes de bondades universais”, obviamente atrelados a perpetuação de seus privilégios e controle das massas, carregam sim o peso de uma imensa injustiça social por eles protagonizada.

Enquanto 690 milhões de pessoas padecem de fome, chamam de meritocracia, concentrações inexplicáveis de renda, a exemplo de Jeff Bezos da Amazon (o ser humano mais rico do mundo), cuja fortuna é estimada em US$200 bilhões.

A ideia da Renda Mínima Universal defendida por economistas, sociólogos e humanistas sérios e respeitáveis, passa a ser cooptada para se envernizar de consciência social o verdadeiro interesse dos formuladores do “Great Reset” que já optaram pela adoção da Manufatura Aditiva da Indústria 4.0, ou seja, robotização em escala mundial, substituindo o modelo da era industrial baseado em mão de obra humana.

Score Social é uma forma centralizada de policiamento comportamental. Imagine que a depender da sua pontuação você não será autorizado a deslocar-se de um estado para outro, ou de uma cidade para outra.

Limitação de sua candidatura à um emprego público, restrição no acesso aos serviços comunitários, programas habitacionais, entre outros. Para quem considera um exagero tal previsão, digo que a China já implementa o controle de sua população utilizando alguns mecanismos de monitoramento.

O Fim dos Criatórios e Abatedouros de Animais

Existem inúmeras regulamentações voltadas à contenção das alterações climáticas e preservação do meio ambiente. Uma que me chama a atenção por tratar-se de um tema tratado neste Blog na série: “O Futuro Fértil da Alimentação” é o combate ao setor pecuário.

Os argumentos já reiterados incluem o fato de que milhões de toneladas de dejetos de animais são despejados nos lençóis freáticos todos os dias; que cada Kg de carne, consome 10 mil litros de agua; que milhões de hectares são devastados em áreas de florestas e biomas como o Cerrado, para a criação de pastos ou produção de grãos utilizados em boa parte (30%), como ração para engordar animais para o consumo humano; que a exalação do metano por parte dos milhões de bovinos, atingem diretamente a camada de ozônio entre outros argumentos imbatíveis.

Contudo, o nome do jogo é “Controle da proteína Animal em nível planetário”, não uma sensibilidade ecológica despertada pelas Big Techs e os 5 maiores Grupos controladores do processamento de alimentos no mundo, que pretendem apropriar-se do mercado pecuário através da reprodução celular em laboratório. Apenas para configurar, o mercado pecuário movimenta uma cifra global de US$1,4 trilhões.

Para quem já controla o mundo pela via dos algoritimos e produz bilhões de dólares com o que lhes damos gratuitamente, no tráfego que geramos nas redes sociais e com o armazenamento de dados em suas nuvens, controlar a riqueza gerada com a nutrição global será uma questão de pouco tempo. A Amazon não por acaso tem investido em Foodtechs e no varejo de alimentos.

Um exemplo é o Amazon Go, supermercado baseado em Inteligência Artificial que  utiliza-se da identificação de presença e consumo de seus clientes e a Rede Whole Foods americana, adquirida pela bagatela de US$16 bilhões por parte de Jeff Bezos (Amazon). Estas iniciativas ilustram bem que as apostas neste setor são para valer e o “Great Reset”, favorecerá muito a centralização deste foco de negócios. Acrescento as Fazendas Verticais de altíssima tecnologia de precisão e a indústria de proteína vegetal (Plant Based) que passam a invadir as gôndolas de supermercados de todo o planeta.

Os Donos do Mundo

Os poderosos, idealizadores desta Tecnocracia Digital, temem as manifestações que se insurgem contra suas vidas encasteladas. Refiro-me às pressões sociais cada vez mais estruturadas, em busca de igualdade, respeito racial, respeito às diferenças de gêneros, a tolerância religiosa, entre outros. As pandemias originadas por condições sanitárias precárias os alcança tanto quanto a qualquer outro cidadão pobre que coletam seus lixos, entregam suas compras, servem suas mesas, limpam o chão de suas casas, lavam suas roupas, cuidam de seus filhos, mas que seguem invisíveis diante de suas insensibilidades que uma vez descuidados, desprotegidos certamente não lhes pouparão dos efetivos contágios.

A Grande Reinicialização precisa partir da Sociedade Civil. É urgente que coletivos sociais se agreguem globalmente. O Rethink (Repensar), o Restart (Reiniciar) precisa considerar o ReSoul (Realmar) da Economia Mundial, conforme proposto pelo Movimento mundial de Francisco e Clara (origem católica), a própria encíclica papal: Fratteli Tutti do Papa Francisco e movimentos equivalentes de diversas correntes filosóficas e doutrinárias que alertam sobre a urgência da humanização da tecnologia.

Que as Regulamentações Globais não sirvam de instrumentos de manipulação da sociedade humana por parte das Corporações e dos Estados Hegemônicos no Plano Global mas que resgatem a tendência de uma nova economia baseada no poder da solidariedade, da compaixão, da cooperação, do compartilhamento, da colaboração, da circulação, da reutilização.

Namastech!


Gilberto Lima Jr é palestrante, futurista, presidente de um instituto de Inovação, empresário e mentor de empresas de base tecnológica.

Fonte: Correio Brasiliense

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