O Facebook é uma empresa totalmente privada?
Atualmente, Facebook vem fazendo uma barganha faustiana sem escrúpulos com o governo federal estadunidense, fato que deve tirar qualquer dúvida sobre sua relação com órgãos governamentais. Estão entregando deliberadamente mensagens privadas de trumpistas que conversaram sobre os eventos ocorridos em Washington DC no dia 6 de Janeiro de 2021.
No início do ano, Google, Apple e Amazon se moveram para eliminar da internet o Parler, rede social concorrente do primo rico azulado. Foi alegado que o punhado de pessoas que invadiram o capitólio tinha usado exclusivamente o Parler para planejar tal feito.
A chefe de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, declarou logo após o incidente que os protestos foram em grande parte organizados fora do Facebook. No entanto, ela não estava dizendo a verdade e provavelmente sabia que ocorreu o contrário, grande parte dos protestos pró-Trump foram comentados e organizados no Facebook. Mas o Facebook foi varrido da internet como Parler? Não, não foi.
Aqui está o porquê:
Esta semana, Facebook começou a fornecer ao Federal Bureau of Investigation dados sobre os apoiadores de Trump que discutiram os eventos na capital em sua plataforma – incluindo suas mensagens privadas. Por meio dessa ação, o gigante da mídia social está agindo como um braço de coleta de inteligência do governo dos Estados Unidos.
Em contraste, quando Syed Farook, também conhecido como o atirador em massa de San Bernardino, não desbloqueou seu iPhone para os federais, a Apple se recusou a desbloquear, agindo como uma empresa privada real que apoia os direitos de privacidade de seus clientes. Mas o Facebook está mais do que disposto a abrir seus servidores para seus amigos no governo federal – porque, como afirmamos, o Facebook não é privado.
Em 2018, o Facebook anunciou que fez parceria com o braço do Atlantic Council, financiado pelo governo, conhecido como Digital Forensic Research Lab, criado para ajudar o gigante da mídia social com “insights e atualizações em tempo real sobre ameaças emergentes e campanhas de desinformação de todo o mundo.”
O Conselho do Atlantic é o grupo que a OTAN usa para encobrir guerras e fomentar o ódio contra a Rússia, que por sua vez, lhes permite continuar a se justificar. É financiado por fabricantes de armas como Raytheon, Lockheed Martin e Boeing. Também é financiado por oligarcas bilionários como Victor Pinchuk da Ucrânia e o bilionário saudita Bahaa Hariri.
A lista continua. O grupo altamente antiético do HSBC – que foi pego inúmeras vezes lavando dinheiro para cartéis e terroristas – é listado como um de seus principais doadores. Eles também são financiados pela indústria farmacêutica, Rockefeller Foundation, Google, Goldman Sachs e outros. No entanto, o financiamento que vem dos Estados Unidos, do Exército dos EUA e da Força Aérea nega diretamente o aspecto “privado” da parceria.
O “think tank” com o qual o Facebook se associou para tomar decisões sobre quem eles censuram é diretamente financiado por vários atores estatais – incluindo os Estados Unidos – o que anula toda e qualquer afirmação de que o Facebook é um “ator privado”.
O Atlantic Council exerce enorme influência sobre a grande mídia também, e é por isso que, quando essa parceria foi anunciada, ninguém na grande imprensa a apontou como a ideia orwelliana que é. Em vez disso, manchetes como “Minúsculo laboratório dos EUA ajuda o Facebook a combater as falsas mídias sociais ( Reuters )” e “Facebook faz parceria com o Atlantic Council para melhorar a segurança eleitoral ( The Hill )” foram publicadas para divulgar o fato de que um braço de propaganda da OTAN agora está censurando as informações que os americanos veem no Facebook.
Mas esta parceria financiada pelo estado não é a única razão pela qual o Facebook não é privado.
O conceito de “empresa privada” do Facebook desmorona quando se olha mais de perto. As empresas do setor privado não precisam ser explicitamente nacionalizadas para promover seus interesses; basta instalar seus ex-funcionários em posições privilegiadas na sociedade. Por meio desses métodos, o Facebook pode criar uma “bancada da privatização” enquanto atua como “deputado”, mas evitando qualquer envolvimento constitucional no processo.
Enquanto isso, sempre que a censura atua em seu benefício, metade das massas estarão em sua defesa, mantendo quase nenhuma resistência.
Além disso, à medida que o governo coloca sobre suas cabeças a ameaça de litígios antitruste, ele pode forçar essas empresas a agir em seu benefício, mesmo sem parcerias explícitas como a do Conselho do Atlântico. Na verdade, antes de o estado se envolver nas negociações de regulamentação das grandes tecnologias, as informações fluíam de forma relativamente livre, com o Facebook apenas removendo conteúdo racista e violento.
É por isso que a resposta ao grande leviatã da censura tecnológica do governo não está na regulamentação, mas no boicote. Chegou a hora de sair dessas plataformas que espionam, banem, vendem pelo lance mais alto e que estão destruindo a sociedade. Plataformas livres de censura existem e são muito mais amigáveis, tratam você como um cliente real, ao invés de empresas que nos tratam como ovelhas a caminho do abate.